(RE)TRATOS DE UMA ALMA

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23 de dez. de 2011

Dura Realidade

Desprovido do homem
Que se sente sozinho
Sem estar sozinho
Que se sente perdido
No meio do caminho

Desprovido do homem
Que descobre que pode mudar
Que aprendeu a se dar
Mas não consegue mais se achar

Perdido... no meio do nada
Perdido... no meio do mato
Sem uma bússola pra lhe guiar
Sem uma rota pra ele trilhar

O céu, nublado, esconde o sol
A chuva, nos olhos, não o deixa ver
Estrelas, escuras, não o guiam mais
O tempo passa e ele não olha pra trás

A história é a mesma
Com personagens diferentes
Mais um universo
De estrelas-cadentes

Mas esse homem perseverante
Não olha mais para o céu
Segue firme adiante
Com sua folha de papel...

(Antonio Sousa Brito)

Estreito - MA, 23 de dezembro de 2011

5 de dez. de 2011

Deixa...

Deixa pra lá.
Deixa estar.
Deixa.
Deixa por ti,
Deixa por mim.
Deixa aqui.
Faz de conta,
Talvez .
Amanhã ou depois.
Um encontro ao acaso.
Um destino, não sei.
Novamente um “talvez”.
Até quando não sei.
Deixa, não liga.
A indiferença.
Desencanto e tristeza.
Tristeza. Deixa pra lá.
Deixa estar.
Você por ai,
Eu já nem sei.
Desencontro e paixão.
Deixa.
Esquece de mim,
Que esqueço de ti.
Fica, então. Fico, talvez.
E dia virá...
O acaso, então. 

(Antonio Sousa Brito) 

Divagações

Divago pelas invisíveis ondas
do vento que enche as velas,
da nau onde vão meus sonhos.
Inquieto está o coração no peito.

Talvez um dia encontre águas calmas.
Quem sabe espelho de meus sorrisos,
ou ainda alcova de minhas lágrimas,
haverão de ser o colo que acalenta.

Ainda que escravo de palavras duras,
entretanto, nunca tive o desejo de ferir.
Longe vai o desejo de magoar,
pois que a delicadeza encanta a força.

(Antonio Sousa Brito)

Ais e Nada Mais...

Trevas de mim,
por onde andam minhas luzes?
Lume oculto,
por que não lhe desvendo?
Verdade de mim,
por que não se revela?
Mentira de mim,
por que tem o poder de enganar-me?
Que fazer quando
se sente apenas como migalhas,
os restos de tristeza
que são mais potentes
que as frágeis felicidades?
Dor de mim,
por que insiste tanto
a ponto de afugentar o prazer de ser?
De tudo que eu sempre quis,
por tanto que tanto lutei,
e então descobrir
que todas as batalhas
já estão vencidas ou perdidas.
Migalhas de mim,
como podem ser maiores
que o todo de mim?
Guerra de mim,
que se apoderou da minha paz,
a verdadeira paz.
A paz que não é dos mortos,
mas aquela que reluz em vida.
Pecado de mim, culpa de mim,
até onde sou perseguido,
até onde persigo a mim mesmo,
sendo eu meu próprio carrasco?
Demônio de mim,
por que se cala ante
o anjo que nada diz?
Anjo de mim,
por que não vence o demônio
que lhe desafia em silêncio?

(Antonio Sousa Brito) 

30 de nov. de 2011

(In)Certo...

Da beleza das coisas que
Acercam-me pouco eu sei...
Meu mundo é paralelo
A minha sobrevivência habitual...
Sou errante incondicional
De minha própria existência...
Meus desejos vivem em sincronia
Comigo mesmo num ir e vir...
Constante é a busca
De uma resposta que me faça
Ver que ainda vale à pena
Lutar por você...

(Antonio Sousa Brito)

Esconderijo (Soneto)

Em dias de penumbra, eu me escondo
No primeiro verso da última estrofe
E os meus escritos, de homem que sofre
Revelam-se autênticos poemas de assombro.

E na frieza deste azar, eu apenas me lanço
Ao caldeirão borbulhante da sorte requentada
Pois a sorte mais fresca sempre está guardada
No salão dos felizardos onde eu sempre danço.

Mas não me entristeço mais. Não quero!
Vou me revelar autêntico re-criador
Deixe que os versos me alimentem...

Estou aqui, dentro de mim, e não espero
Sair pra lugar algum, pois meu maior temor
É o de deixar que os outros me reinventem...

(Antonio Sousa Brito)

Versos Sem Rumo

Expresso
Regresso
Meço
O verso...

              Um poema
              É cor, é dor,
              É calor, é beija-flor,
              É idéia e um tema...

Escrevo a vida
A lida, a sina,
A milha, a filha
A morte e o corte
O tudo do nada
E o nada de tudo
O calado e o mudo...

               Um verso
               É a  versão
               Do universo
               Do coração...

São palavras
Ao vento
Ao relento
Saudades suas
Memórias minhas
Relatos da alma humana...


(Antonio Sousa Brito) 

Nau Desgovernada

Barco de papel
casca de noz
sabor das marés
elo perdido
ecos no ar da imensidão
gritos de socorros inúteis
discursos surdos-mudos
confusos, indecifráveis
em labirintos perdidos
na superfície o infinito
assistindo impassível
apelos aflitos
refletindo, sumindo
buscando saídas
jogo arriscado
na cartada errada
cadafalso insano
um corpo jogado
ao léu das incertezas
maresias, correntezas
um náufrago de si
clama aos céus
clemência
recolhe silêncio
à deriva da sina
boiando, levando
desencantos e sonhos...


(Antonio Sousa Brito)

30 de out. de 2011

Teu Coração

Agora ele se tornou seco, inóspito!
Um lugar onde não me encolho, me acolho.
Não tem mais vagas, cadeiras velhas espalhadas,
Manta de lã, nem carpetes, nem almofadas,
Mesa, banquetas, bule de chá quentinho,
Carinhos, com um sentimento em decalque.
Lindos guardanapos, panos de prato bordados,
Uma toalha com cheirinho de final de semana...
E um gato gordo num canto.
Não! Não quero mais, nem passar por aí.
Não há mais paciência, não há mais amor,
E agora procuro, onde será que coloquei o meu?

(Antonio Sousa Brito) 

20 de out. de 2011

E S P E C T R O

Solidão aperta o peito
Solidão estreita o laço
Solidão deixa um rastro
e marca meu compasso...

Solidão amarga a vida
Solidão achata a alma
Solidão esmaga o riso
e prende-me num visgo...

Solidão inverte a meta
Solidão rouba o foco
Solidão engana a gente
e a mim é uma serpente...

Solidão tira as forças
Solidão acaba o dia
Solidão não descansa
e joga-me a lança...

Solidão se insinua
Solidão arromba a porta
Solidão invade a casa
"estupra, mas não me arrasa”...

(Antonio Sousa Brito)

5 de out. de 2011

CONCLUSÕES II

Céu cinzento,
Rua calma,
Luta a alma em pensamento...
Nem vazio,
Nem raso,
Nem rio...
Uma rua!
A mão na boca solta o que pode.
Uma fumaça...
No chão cai,
Esparrama,
Se espatifa,
A cinza!
O peito coberto,
A lã, o frio.
Estreito - Maranhão,
O meu deserto...

(Antonio Sousa Brito)

23 de set. de 2011

S O L I D Ã O

Cada não que soa sólido
Mata a fé e explode o peito
Me faz pensar incapaz
Me faz sentir com defeito

Cada não é uma tortura
Muralha intransponível
Me faz ficar pequenino
Me faz sentir mais sensível

Cada não tira um pedaço
De um pretenso campeão
Me faz chorar feito criança
Torna o sólido, solidão.

(Antonio Sousa Brito) 

13 de ago. de 2011

D E C L A R A Ç Ã O

Tu podes não me ver
Tu podes não me tocar 
Mas eu posso te sentir
Não importa onde tu possas estar!
 
Tu podes não lembrar 
Tu podes nem sequer pensar
Mas meus pensamentos te pertencem
Em qualquer hora, em qualquer lugar!
 
Tu reges meu mundo 
Tu iluminas meus sonhos todas as noites
Tudo aqui pertence a ti
Tu és a felicidade em cada segundo!
 
E eu me pergunto
Seria perda de tempo?
Valeria à pena minha dedicação?
 E a resposta surge 
Não importa, tu já possuis meu coração!
 
Tu podes até não corresponder
Tu podes até nem saber
Mas tu entrastes em minha vida 
E dela agora fazes parte 
Tu já me deixastes envolvido!
 
E este elo não se quebra facilmente
Tu és a esperança e a  inspiração deste texto
Tu iluminas e acalanta minha mente
E eu retribuo com minha devoção!
 
Que esta sensação não se vá com o tempo
Que tu sejas sempre o meu conforto
Que eu possa sempre chamar teu colo de abrigo
E que eu possa sempre sonhar que um dia estarei contigo!
[ARIEROM A.] - Isto foi feito pensando em você!
(Antonio Sousa Brito) 

17 de abr. de 2011

Quando Encontro-me...

A minha casa é uma mochila
que levo nas costas!
Vivo andante...
Na casa de (...) um prato bem servido
me sacia a fome!
Na casa de (...) um leito
descanso de um dia agitado!
Ah! Nos finais de semana
um refúgio secreto
A casa de (...)
Lá, alimento-me de vida,
as flores são coloridas,
e todos os sonhos podem ser sonhados!
Lá encontro-me com o que realmente sou: 
Um poeta,
Um nada,
Tudo...  

(Antonio Sousa Brito) 

28 de jan. de 2011

Nômades

De onde vem os versos?
Da mente conturbada das pessoas?
Do coração inquieto, borbulhante?
Da emoção alada ou petrificante?
Do inconsciente?
Iceberg fincado em solo pedregoso,
Irremovível, viscoso?
Os versos vem
Do olhar sempre atento!
Dos pensamentos repentinos!
Descuidados ou programados!
Do tédio, do tormento!
Do silêncio contido!
Ou do frenético lamento!
Do riso desarvorado!
Do amor alucinado!
Os versos vem como ondas do mar!
Ora avançam, ora recuam!
Mas não cessam de ancorar
Nas águas férteis da mente!
Onde acabam por naufragar!

(Antonio Sousa Brito)

Convite

Chega!
Entra!
Faça parte desta casa!
Descansa!
Tira a coroa (prefiro o boné)...
Joga a bagagem para os lados!
O teu fardo pesa?
Repartiremos e te ajudarei...
Os dias te cansam sobre os teus ombros?
Teremos uma noite para o repouso devido!
Diálogo silencioso?
Nada...
De agora em diante nós dois seremos “um”
e nossas conversas uma constante...


(Antonio Sousa Brito)