(RE)TRATOS DE UMA ALMA

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21 de mai. de 2010

Nossas Cartas












Onde estão as cartas?
Escritas...
Manuscritas!
Originais,
Únicas,
Diretas, de mão em mão...
Destinatários?
Remetentes?
Onde está a pena, a tinta?
Mata borrão?
O que é isso?
O lápis, a caneta?
Papéis.
Envelopes,
Selos,
Ah, os carimbos...
Juras de amor trocadas,
Frases esperadas,
A saudade e a notícia amareladas,
Guardadas com amor, paixão,
No bolso,
Na bolsa,
No baú,
Perdeu-se o contato,
Das letras desenhadas,
Com olhos que as percorriam,
Dos singelos garranchos,
Com sorrisos que os traduziam,
Da notícia enviada,
E da alma aliviada,
Da alegria de quem escreveu,
Com a emoção de quem compreendeu,
Mas...
Dos tempos, o sinal,
Papel imaginário,
Envelope virtual,
Depressão,
Pressão,
Solidão,
Evolução...

(Antonio Sousa Brito)

Separação...



















Dos quadros da nossa sala
Só restaram os pregos
Encravados na alma...

(Antonio Sousa Brito)

Eu, Um Paradoxo

















Me vejo forte!
Me penso temido!
Austero!
Audaz!
Certeiro!
Preciso!
Mas,
Pausa...
Momento,
Instante,
Silêncio,
A muralha que rui,
A máscara que cai,
Que magia tens?
Que força possuis?
Por que me abrando?
Por que me desarmo?
Ante teus olhos,
Ante tua voz,
Ante o teu sorriso...

(Antonio Sousa Brito)

Escrevendo Para Aliviar

















Quando leio me sacio,
Quando escrevo me completo,
Lendo eu fantasio,
vejo coisas,
sonho utopias,
Fica tudo mais perto...
Escrevendo me alivio
das dores que a alma tem!
Fico leve, faceiro, arredio,
querendo aproximar-me de alguém,
Seja para conversar, nos divertir, rir...
Assim, me arriscar em uma nova paixão!
Sabendo que paixões só nos fazem sofrer,
maltratando a alma e o coração!
Dessa forma volto a me aliviar
Tornando versos a escrever...
(Antonio Sousa Brito)

Meu Pequeno Mar...
















Nasce esse rio de águas limpa, cristalina...
Nasce no topo da serra, pura e alcalina
Desce sua ladeira,
Seguindo seu curso...
Vai crescendo,
Arrastando,
Quebrando,
Grávido de peixes e riquezas,
Não teme os obstáculos e vai...
Passa imponente sobre tudo e cresce,
Fica grande, não tem medo...
Esquece o topo da serra!
Aquela que tinha gosto de terra,
Terra pura, terra limpa em meio ao arvoredo.
Aumenta a velocidade, corre e vai descendo
Agora tens gosto de lixo, sujo e contaminado,
Interrompido!
Tu és grande, percebemos ao te olhar.
Achas que pode, mas não pode!
Outro maior vai te derrotar!
Tocantins...
Tantos dejetos,
Tantos venenos,
Tantos desafetos,
Não crescemos,
Nós inchamos,
Estão nos matando
E só nos tornamos, fracos, pequenos...
Gostaria de ainda estar na serra,
sentindo o gosto da terra,
sem me preocupar com seus ais!
Oh! Riacho lindo e bom, vai encontrar o que merece!
Quando a ladeira terminar,
Aos poucos você desaparece, será multiplicado.
Será engolido ali adiante pelo Mar.

(Antonio Sousa Brito)

20 de mai. de 2010

Enganos, Muitos Enganos

Já usei a razão,
nas entrelinhas do engano!
Já usei a lógica e
entrei pelo cano!
Já usei técnicas infalíveis
que com o tempo desanimei!
Já corri contra o tempo
e sem chegar ao final, me cansei!
Já escrevi poesias com regras,
mas não foram bem aceitas pelos leitores!
Já achei que amei,
mas eram sentimentos de ilusão,
onde somente eu achei...
Já vivi outras vidas,
onde abandonei a minha ao léu!
Já dormi de olhos abertos
com preocupação e pedindo aos céus!
Já estraguei minha vida uma vez,
agora tenho a certeza que
não mais usarei a razão...
Agora mudarei meu foco,
serão mudanças em loco,
e um novo sonho implantarei,
darei mais chance a mim mesmo!
Serei mais ousado e atrevido,
deixarei a felicidade me levar,
e seguirei outro caminho,
irei buscar-te a qualquer custo,
não viverei mais no susto...
Não acredito mais na razão,
pois por ela fui enganado,
escutarei mais meu coração,
e me deixarei por ele ser guiado...

(Antonio Sousa Brito)

Estranho...

Sim! Às vezes me sinto estranho,
faço coisas que parecem ser entranhas,
digo coisas que parecem ser estranhas,
É! Sou uma pessoa muito estranha.
Minhas noites são estranhas,
é estranho não ter você,
é estranho não te ver,
é estranho não te sentir,
fico estranho com tudo isso...
Quando te vejo pela manhã, estou bem,
quando não te vejo fico estranho,
quando te vejo à noite, fico bem,
quando não consigo te ajudar fico estranho,
fico estranho de verdade,
fico estranho de ciúmes,
e fico bem ao seu lado...

Sou mesmo uma pessoa muito estranha...
Fazendo o máximo para te surpreender,
fazer o possível, qualquer pessoa pode fazer,
mas quero fazer mais que o possível,
quero fazer o impossível,
e somente com um único objetivo:
provar todos os dias que você é uma pessoa extraordinária em minha vida!

(Antonio Sousa Brito)

19 de mai. de 2010

Identidades...

Nada explica

as dores da alma!

Parecem íntimas,

mas, expressadas,

se identificam

com outros lamentos

e feitos torrentes

enchendo, chamando,

convocando os sofridos,

vai-se disseminando,

e na sua tristeza

torna-se menos só

a solidão dos tristes...

(Antonio Sousa Brito)

Certezas Incertas

Nas forças das correntezas
abro a guarda, desiludo.
Pouco conheço
de seus enredos e certezas...

Navegante na contra mão,
sobrevivente do movimento difuso...
Maduro, entendo seus contornos
estigmas, autocríticas, negação...

Lições, há, na trajetória fria
não velejo, nem me anulo.
Solto rédeas, me preservo,
toco a vida em sinfonia...

(Antonio Sousa Brito)

Andarilho da Estrada

Colhendo espinhos
nas asperezas do mal
carências de maltrapilhos...

Ao léu em devaneios
torturas insanidades
nesgas de luz e anseios...

Sóbrio alcoolizado
passos incertos
senso desatinado...

Uma tela nua e crua
traçados indefinidos
ausentes as estrelas e a lua...

Brados mudos
ao infinito
gritos surdos...

Espaços e retas
caminhadas
estradas desertas...

Um número, um ente,
alguém em súplicas,
alheio, indiferente...

(Antonio Sousa Brito)

18 de mai. de 2010

Quadro de Avisos (Soneto)

Paredes de papéis penduram a sua voz
Faz deste concreto, o teu quadro de avisos
Em que a tua norma, vai ditando a mim
O teu disfarce que esconde o meu sorriso

Pelos dias seguidos, o teu recado é feroz
Nas utopias de tuas leis, que incisivo
Na moldura do informe, se mostra um algoz
Ao olhar de tua vítima, triste e preciso

Em qualquer parede, tu colocas o teu decreto
Faz-me ser um número, na planilha que carregas
Toda essa pressa, que nas horas escorrega

O seu descuidado, que ao meu olhar não encara
Em tua indiferença, em que sua inquietude se apega
Na alma o teu sofrimento, que o teu rosto não nega...


(Antonio Sousa Brito)

Página em Branco

















Não existe destino,
tampouco sorte ou azar,
Quando cheguei neste mundo,
recebi essa página em branco...
Até hoje, encontra-se intacta
e virgem à espera de planos,
projetos...
Amanhã talvez, ela comece
a ser apontada ou,
comece a ser decomposta pela
persistente ação do tempo...


(Antonio Sousa Brito)

17 de mai. de 2010

(E)motivo...

Não sonho que os críticos me elogiem.
Não pretendo que os sábios me estudem.
Nem penso que os céticos creiam a partir de mim.

Não quero ser objeto,
objeto de teses elogiáveis.

Só quero que os cegos me leiam,
só sonho que os surdos me ouçam,
só pretendo que os loucos me entendam.
E que os bêbados cantem e dancem
meus versos, nas ruas mortas...
E que um dia, uma pessoa sequer alcance alguma
de minhas poucas palavras...

(Antonio Sousa Brito)

Poeta...

Não te conheço
(Mas não me conheço também)
Mas espero de ti
tuas dores
teus sofreres
teus pesares
teus amores...

Ah, em ti...
há tanto de mim
um tanto de todos
e tanto de tudo.

De cada linha tua
transborda
música
alívio
alento
bálsamo
alimento.

Tu escreves
minhas palavras
que não souberam
como chegar até o meu papel...

(Antonio Sousa Brito)

Soneto da (In)felicidade (Paródia do Soneto da Fidelidade)

Como todo professor serei atento
Antes que me falte um ponto e tanto
Que mesmo em classe, lá no canto
A aula não saia como no planejamento

Quero ensinar em cada vão momento
E o giz hei de largar portanto
E ler meu livro e rezar pro santo
Para ministrar com bom aproveitamento

E assim, por mais que o ócio me procure
Não deixo a aula entrar em um declive
Ou a impaciência, me jogar na lama

E eu possa dizer do professor (que tive)
Que não seja mortal, em sua fama
Mas que eu faça bonito e que perdure.


(Antonio Sousa Brito)

Te Conheço? Parece Que Não!

Te conheço?
Acho que já te vi.
Pois já tentei me livrar desse olhar.
Um olhar perigoso, arriscado, traiçoeiro...
Esse seu olhar ultrapassa minhas fronteiras.
Esse seu olhar, esse brilho,
um brilho diferente, atraente e observante, observa tudo e todos.

Esse seu sorriso
Tem um perigo de me prender.
Esse seu sorriso é fingido e sincero.
Um sorriso que parece ser certo
e compreendido, que conquista
tudo e a todos.

Essa sua boca conta cada coisa que me deixa louco.
Essa sua boca tem o poder de falar o que quer sem pensar nas consequências que vier.
Essa sua boca já enganou e engana tudo e a todos.

Esse seu rosto cheio de mistérios, às vezes brincalhão, às vezes sério.
Esse seu rosto já me mostrou uma pessoa, duas, três, quatro...
Várias pessoas num só rosto.
Rosto diferente e que mente:
Tudo e a todos.

Esse seu corpo, curvas certas,
perigo constante, não tem metas para o seu destino.
Esse seu corpo: sedutor, possuidor, transtorna mentes.
Fazendo que iluda tudo e a todos.

Esse sei jeito: meigo, calado, desfeito, apavorado... Esse seu jeito agitado, deixa um pedaço marcado...


Marcado com seu jeito: diferente, marcante e atraente.
Esse seu jeito, já conseguiu e consegue:
Tudo e a todos.

Essa sua mente: possuidora, possessiva, agressiva, carinhosa, (mentiras).
Essa sua mente,
Tem projetos e planos simples e duplos.
Essa sua mente tem a facilidade de converter, em ser talvez tudo.
Essa sua mente,
consegue facilmente:
Tudo e todos.

Te conheço.
Tenho certeza!
Quando te vejo verdades e mentiras
aparecem, transbordam...

Te conheço?
Acho que não!
Às vezes você se transforma,
fica sem formas e não mais te conheço.
Mas quando te vejo,
Mesmo através de um reflexo,
o reflexo de um espelho...
Tudo então se transforma e aí eu me vejo!


(Antonio Sousa Brito)

Saudade...

Saudade...
Incansável e inseparável.
Saudade...
Que invade e atormenta o meu peito.
Saudade...
No silêncio da madrugada
é a dor que mata a alma!
Saudade...
Que aprisiona e não me deixa fugir!
Saudade...
Que, aos poucos levou o brilho de meus olhos...
Que levou a minha alegria!
Saudade...
As lágrimas afloram e o amanhecer é a única testemunha
dessa saudade!

(Antonio Sousa Brito)

Tudo acabou...

Meus livros, meus poemas, tudo sumiu...
Nem sei mais escrever!
Sumiu a emoção, sumiu o coração...
Foi-se embora o olhar miúdo, que brilhava de orgulho a cada verso meu!
Foi-se embora o ensinamento...
Foi-se embora a pessoa que transformou os meus dias e minhas noites...
Foi-se o lado bom das coisas!
Com toda a sua bobagem de pessoa boa,
Com toda a sua sabedoria de pessoa perspicaz,
Com toda a sua ambiguidade em relação a muitas coisas da vida...
Era assim que eu te via ideal perto de mim!
Foi-se, acho que muito feliz, em sua hora mais escolhida!
Arrancando uma parte de mim e deixando um buraco em minha alma!

(Antonio Sousa Brito)

Como Esquecer Você?

Como esquecer você...
Se a cada tristeza, lembro-me de teu sorriso?
Se a cada instante de solidão, lembro-me de tua presença?
Se a cada palavra, lembro-me de você?
Você está em cada ausência...
Você está em cada gesto...
Em cada amanhecer da vida...
No silêncio de meus pensamentos,
Lembro de como foi bom te conhecer...
Te gosto com suas qualidades e teus multiplos defeitos!
Quero apenas que você me aceite no teu coração...
Pois num pequeno espaço de tempo, serei como você sempre desejou!
Pense numa pessoa no silêncio da noite e lembre-se de que não
preciso do silêncio da noite para pensar em você...
E, assim, sem sono de tanto pensar em você, vou sobrevivendo aos meus dias...

(Antonio Sousa Brito)

16 de mai. de 2010

(Des)amores

Amores líquidos, liquefeitos...
Amores sem casa, sem leitos...
Amores sem conteúdo, sem essência...
Amores que não tem ciência...
Amores que entram e que partem...
Amores quem não tem paragens...
Amores que não criam histórias...
Amores sem vínculos e sem memórias...
Amores que não são realmente amores...
Amores que vivem cheios de ansiedades para serem amores...
Amores que passam pela minha vida...
Amores que partem na luz do dia...
Amores que não são nada...
E amores que nem são amores!


(Antonio Sousa Brito)