(RE)TRATOS DE UMA ALMA

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29 de jul. de 2015

IMAGENS MULTIFACETADAS

Pessoas que apenas passam por nós...
Outras que ficam para sempre...
Em nós,
Amarrando lembranças, afetividades,
Tecendo tranças,
Mesmo que haja um oceano entre elas!
O tempo se esvai na ampulheta da vida...
Tanta coisa vivida,
Tanta vida perdida...
Sonhos que desvanecem,
Espuma fria do mar...
Flores que murcham,
Ensandecendo-nos,
Com seu inebriante perfume...
A lua cheia abraça-me,
Aconchega-me,
Afastando a solidão da alma!
Acredito puramente nas palavras
Que não precisam ser ditas,
Aquelas que silenciam,
Que gritam,
Que sussurram...
Há alguém do outro lado do espelho...
Ainda que multifacetado,
Escondendo...
Revelando...
As cores da minha aquarela...
Que nutrem  furtivamente!
Roubam-me na despedida...
Ah, que lua linda!
Ah, em que poema vivemos?
Sobras que ficaram:
Cacos,
Fatos,
Palavras,
Olhares,
Gestos,
Toques...
Matizes desenhadas,
Notas dedilhadas,
Versos inacabados...
Trancafiei tua imagem...
Na memória:
Arca das lembranças!
Quis sufocá-las com a razão,
Mas, no coração,
Ainda pulsa uma saudade...
Ela, teima em aparecer,
Clara, nítida, diante das agruras!
Ela se acende com os gritos...
Ela (quase sempre) me abraça,
Preenchendo-me de cores...
Devasta-me com a sua nítida presença,
A cortina do luar...
Dedilha sobre mim os seus contornos,
Estou longe e perto de você...
Desejo esquecê-lo?
Mas não posso perdê-lo...
Afinal cada instante em ti por perto,
Vale à pena!
Mesmo que em sonho!
A certeza da sua existência,
Afaga a saudade...
E me faz suspirar diante desta lua cheia...
Que nos embriaga com seu perfume...
Que nos enfeitiça com seus mistérios...
O tempo desliza.
Nas multifacetas do destino...
E nós, cada um de um lado,
Escrevemos nossas histórias,
Que escolhemos do outro lado dos sonhos!
Sinto falta de alguma voz...
Que desbravavam os meus medos!
Sinto-me bem próximo dos devaneios...
Perco-me nas névoas que deslizam,
Sua face sem ser tocada desaparece,
Nas sombras, nas brumas do amanhecer!
As notas das lembranças...
Despejo sobre você,
As marcas dos dias!
A luz se abre,
E as cortinas da realidade!
E eu entreabro,
A janela dos olhos,
Que mais uma vez
Sonhavam,
Buscavam,
Sorriam,
Diante de você!
Psiu!...
Acorde, a vida prossegue...
Não há tanto tempo para os devaneios...
Esconda suas ilusões...
Vista-se de verdade,
E enxergue claramente!
As escolhas que fizemos...
Já estavam aqui!
Encontramo-nos,
Perdemo-nos,
E, por fim vivemos!
Quem sabe, algum dia...
Possamos nos deixar estar,
no espelho multifacetado um do outro...
Mesmo que brevemente!
A vida é sutil,
Furtiva,
Caprichosa...
Quem sabe nos permitirá tocar a felicidade,
Afinal já sabemos que ela existe!
Onde está?
E como abraçá-la?
Embora isso não nos baste,
Para os que verdadeiramente amam.
O momentaneamente é tudo, é o suficiente!

(Antonio Sousa Brito)

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